terça-feira, outubro 31, 2006

Quem somos?

Olá a todos. O meu nome é Bruno. Muitos de vós já o sabem, mas sabem realmente? Ou melhor sabem mesmo quem sou?Quem sou eu? Que ideia tem de mim? Do meu coraçao? Da minha alma? Da minha pessoa?

Ainda não sabem quem sou pois nao? Como me veêm? Como me sentem? Como é a forma que disponibilizam a vossa pessoa para mim...e eu para vocês? Vocês para os outros?Os outros para vocês? Não sabem? Não percebem?Não entendem? Ou...no desejo incontido da procura...nunca se encontram?

Ola a todos...o meu nome é Bruno. Sim, eu mesmo. Aquele a que me chamam de rebelde, de menino, de anjo e diabo. De vida e de morte. De louco e de calmo. Ainda nao sabem quem sou? O que faço?Para que sirvo? A quem me dedico? No que penso? O que quero? O que procuro?O que anseio?Em que penso?

Bruno de criança, de menino, de jovem e adolescente. De homem fraco e forte. Nunca vos disseram? Não pois nao? Na alma de um homem...escondem-se os mais recondidos desejos. Escondem-se as verdades e as mentiras. Esconde-se a alma.Mas ainda pensam que sabem quem sou?

Pois nao sabem. Não viram, nao sentiram na sua plenitude. O meu nome é Bruno...mas quem é o Bruno? A Ana? A Joana?O Joaquim? O Manuel? O Francisco?Quem são? Nomes?Pessoas? Almas?

Quem são quem nos conhece e quem nós conhecemos? Será que conhecemos?Quem são os amigos?Os namorados?Os amantes?Os casados?Os pobres e os ricos?Quem são realmente?O que são e quem são as pessoas ?

Quem realmente conhecemos? O que conhecemos? Conhecemos o ódio, a soberba, a cobiça, a inveja, o dinheiro, conhecemos a morte, a miséria, os falsos e os verdadeiros, os amigos e os inimigos, os amores e desamores, passamos pela vida...mas nao a conhecemos na sua verdadeira essência. Porque não nos preocupamos a deitarmo-nos num jardim de barriga pra baixo e sentir o cheiro da relva? Da terra? Porque nao me preocupo em poder vislumbrar uma árvore? Porque nao subo alto a um monte e não vou ver o pôr do sol? O céu na sua maior magnitude? Porque nos preocupamos com coisas tão estupidas?
Porque é que na nossa infinita estupidez, conseguidos atingir picos de estupidez que nem nos damos conta? Porque é que ferimos as pessoas? Porque é que as pessoas nos ferem a nós? È um jogo de quem bate mais? È o jogo do silêncio? Que razão tem a guerra de existir?O crescente ódio? Afinal confiamos nas almas erradas ou nao confiamos em nós? Afinal sou eu que te engano a ti...tu a mim....ou todos nos enganamos a nós proprios? Todos nos queremos glorificar na nossa propria pessoa. Todos queremos ser os portadores do virus do bem. Mas...o que é o bem? Quem faz bem realmente?

Digam-me...o que são regras? Padrões de vida?Valores morais? Lealdade?Ètica?Desonra?Caprichos?Duvidas?Injúrias?Medos?Desordem?Fobias?Loucura?Risos?Choros?Bem?Mal?Certo?Errado?Consciencia?Senso?Justiça?Dor?Sofrer?Matar?Cruxificar?Desleixar?Mal dizer? Manipular? Gesticular? Digam-me!! O que é isto? Conhecem-me realmente? Conheço-te realmente? Conhecem-se vocês todos realmente? Somos a unificação presente do mal? Ou somos apenas pessoas assustadas?

Quem são vocês? Quem realmente são vocês? Mas é assim...tal como tu disses-te que seria...Assim como está escrito nas estrelas, em mim, em ti..neles...No Love...no Glory. Não existem herois no céu...Não existem herois na terra...existem apenas aqueles que existem. E assim é...apenas como tu disses.te que deveria ser. Todos nos esquecemos a brisa com a qual nascemos. Esquecemos a pureza que traziamos. E assim nos tornamos...apenas como almas que deambulamos por aí...e por aí...vamos tentando encontrar o nosso poleiro...um lugar ao sol.

Esperamos por encontrar um prado verdejante que nos traga a pureza..e aquela forma que nós eramos. Redescobrir o riso, a felicidade, o amor. Perdemo-nos onde?Erramos onde? Será a morte a nossa libertaçao? De mim? De ti? De todos nós? Rediscobriremos a honra? A lealdade? A amizade? O amor? A Justiça? Será então aí que o nosso caminho virá ao nosso encontro? Seremos nós então nós recebidos como heróis? Como seres puros? Mudaremos nós ? Alcançaremos então o sopro real da vida? O que esperamos nós? Viver apenas por ir vivendo na esperança que a vida nos mude?Nos molde?

O meu nome é Bruno. Mas não sou livre...não estou livre. Vivo dentro de mim, da minha propria prisão recheada ela tambem de razões, de valores, de dignificaçao pessoal, de amizades, mas apenas numa prisão. Livres? Como podemos dizer que somos livres se nos impomos regras? Como podemos dizer que amamos a liberdade se nunca o poderemos ser? Assim como tu ...ou eles e os outros. Os anos passam...a vida corre...mas nada ganhamos. Porque não soubemos ganhar. Não soubemos perceber que muitos de nós nao pertençem aqui. Muitos de nós ficam enjaulados na criaçao do seu proprio mundo. Do seu proprio eu. Mas...por Deus...quem sois vós na realidade? Quem sou eu? O meu nome é Bruno...mas nao passa de um nome...de um simbolo , de um placard. Como uma estrela de David, que nos colocam no peito e nos dizem " Tu estás marcado" Não passa de uma simbologia.Um nome...apenas isto. Seremos nós mais do que um nome? Quanto valerá a vida de uma pessoa? Quanto valerá a nossa alma? Quanto valerá morrer por alguém? Por uma terra?Por uma pessoa?Por 100?Por 1 milhão?O meu nome é Bruno...mas sabem realmente quem sou? Porque nos apontam o dedo? Porque apontamos nós ? Porque nos achamos tão esbatidos pelo escuro e pela desgraça a ponto de nós proprios nos incumbirmos de classificar a justiça do mundo?

O que se passa realmente na nossa mente? Se nunca conheceram o amor...nunca conhecerão a verdade! Onde está o amor? O verdadeiro sentido do amor? Sem a discórida? Sem a inveja, os ódios? O que aconteceu aos valores da humanidade? Das pessoas? Onde está a fé realmente? A fé no ser humano? Onde está a bondade? A verdadeira razão do amor? A purificação do ser? O encontro do nosso eu com a nossa propria nascença? Conheçemos o amor pela misericordia, pela solidariedade, pela mão estendida, pelo cheiro, pelos olhos,pelo coraçao....mas terminamos o amor como o nunca o conhecemos. Terminamos pela discordia....pela maldade, pelas injurias, pela forma como pensamos que pertence-nos a nós o direito de auto defesa. Enquanto formos todos maus, humanos, vivermos neste mundo insipido de desgraças e noticias desgraçadamente repugnáveis...não poderemos ser bons. Só pode conhecer o amor aquele que nunca conheceu a maldade.

Sei que existes...sei que neste momento lês não o que escrevo. E o que penso. E o que penso é o que tu crias.te. Já nao tenho medo...não tenho medo de ir...de me deixar levar. De morrer...sei que crias-te seres á tua imagem, que nos deixas-te no mundo , que respiramos,vemos,ouvimos, lutamos, rimos e choramos. Já nao tenho medo. Sinto-me abraçado, sinto-me feliz por estares perto, por me acarinhares, por me ouvires e sentires.

o meu nome é Bruno. Cheio de impurezas, de imperfeições, mas com a certeza de que aprendi muito que te estou grato por me teres tornado num ser diferente. Obrigado por ter estado com pessoas que amei, que amo, que sinto e que vejo. Obrigado por todos os momentos em que me salvaste, que me deste luz. Obrigado por me teres feito entender que não sou forte como sempre pensei mas antes de carne e osso, de sangue que me corre nas veias. Obrigado por me fazeres perceber, que o mundo é isto mesmo. È tudo isto. Cheio de ideias, de pessoas, de alterações, de movimentações, de guerra e de paz. Obrigado por ter andado por caminhos tão estranhos e por aprender no decorrer desses caminhos que a vida está cheia de imperfeições. Que a cada porta por que passo existe sempre algo á espreita. Ou bom...ou mau...não sei. Só sei o que nada sei mesmo! Porque tudo o que pensamos saber , não sabemos até nos ser mostrado. A forma como vês nao interesse. Interessa é a forma como ages mediante aquilo que vês. Obrigado pela gentileza das tuas mãos sobre a minha cabeça. Pela força de seres o unico que acreditas em nós. Por nunca nos abandonares. Obrigado pelas maravilhas da vida que nos proporcionas, pelos filhos, pelas esposas, pelos amigos.

Que seja feita a tua vontade um dia. Que venhas em auxilio de quem realmente precisa. De mim, de outros. Que nos perdoes pelas acções que temos. Pela vida que deveriamos ter levado e nao levamos. Obrigado por nos mostrares diversos caminhos. Que seja um dia bem melhor, que possa um dia superar tudo o que quero.


Uma coisa digo... ninguém me dirá quem sou, nem saberá quem fui. Todos quantos amei me esqueceram na sombra. Somos como folhas de outono que floresceram na primavera, que eram lindas e queridas, que por todos eram olhadas, mas que no outouno ...voam..desapareçem...perdem-se de vista. Ninguém soube do último barco. No correio não havia notícia da carta que ninguém haveria de escrever. Perderam-me o rasto...perdi o rasto.

Tudo, porém, é falso. È um teatro de nobres aparências, onde tentamos todos ser os melhores actores e actrizes. Mendigamos sobre a verdade, sobre o porquê do quê ? Tenho nome entre os que tardam, e esse nome é sombra como tudo. É bréu, é escuro...é frio. Nome?Nome de que?

Quantas coisas, que temos por certas ou justas, não são mais que os vestígios dos nossos sonhos, o sonambulismo da nossa incompreensão!

Sabe alguém por acaso o que é certo ou justo? Quantas coisas, que temos por belas, não são mais que o uso da época, a ficção do lugar e da hora?Do momento? Por quem nos tomamos nós? Por Deus?

Quantas coisas, que temos por nossas, não são mais que aquilo de que somos perfeitos espelhos, ou invólucros transparentes, alheios no sangue à raça da sua natureza! Sabe alguém por acaso o que é certo ou justo?


**
Quanto mais medito na capacidade, que temos, de nos enganar, mais se me esvai entre os dedos a areia fina das certezas desfeitas. Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado um com o outro. Cada um me contou a narrativa de porque se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Ambos tinham toda a razão. Não era que um via uma coisa e o outro outra, ou que um via um lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exactamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão. Não existe senso de justiça, existem duas verdades que se encontram no vale da razão.

Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.


Ter opiniões é estar vendido a si mesmo. Não ter opiniões é existir. Ter todas as opiniões é ser um verdadeiro poeta.

O meu nome é Bruno...



Bruno Fernandes.
** Fernando Pessoa.

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