terça-feira, janeiro 16, 2007

INDIFERENTES AO AMOR - POR BRUNO MONTALVÃO.


DIZEM que finjo ou mintoTudo que escrevo. Não.

Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,

O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio

Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,Sério do que não é.Sentir?
Sinta quem lê!

( Fernando Pessoa)



"A INDIFERENÇA AO AMOR"
(Por Bruno Montalvão)





Durante largos anos e à medida que me fui tornando e fazendo homem, um menino crescido, entendi e vou entendendo que no Universo do Amor havia, uma necessidade básica e Universal, de expressarmos todos os sentimentos que ao longo da vida vamos tendo. Ter e perceber o amor no seu todo, leva-nos a um estudo efectivo, afectivo e diário. Perceber as razões do amor, a diversidade e a ordem em como o colocamos na balança da vida, é entendermo-nos também como seres humanos. Ás vezes nas conversas que vou mantendo com as pessoas de todos os quadrantes e extractos sociais, sejam eles novos, velhos, ricos, amigos, colegas, namoradas, etc; nesta observação que faço de cada um , noto sem a menor dúvida, que falta e existe por parte das pessoas um receio e um medo de se darem e de se mostrarem. Não posso contrariamente aquilo que sou em relação aos outros fazer qualquer exigência. Mesmo que isso me magoe interiormente.



De certa forma a inibição que cada um tem dentro da sua própria reserva não pode nem deve ser a minha assim como de modo contrário. Existe na realidade e sem grandes excepções à regra, receios interiores de dar e receber amor. Como se o amor estivesse sempre enjaulado, engaiolado e só pudesse ir ao pátio de vez em quando receber um pouco de sol matinal. Ficamos e andamos limitados em dar e receber carícias ou afecto. Cuidado amor!! Fica mal dar ou receber. Reservemo-nos à dádiva! Escondemo-nos da entrega e fugimos sempre de forma subtil ao recebimento. Cada pessoa é uma única e só pessoa. Cada pessoa tem uma história. E cada pessoa utiliza-se dos seus medos, e receios da forma que entende ser e dar-se.

Cada forma de amor é uma forma de amor estipulada por crenças, receios, avareza, ciúme. Da mesma forma que não podemos dizer que vamos à Igreja e rezamos a Deus quando nos actos praticados nada corresponde a nada. De que me vale acreditar em algo se depois no acto da solicitação ficamos com medo? De que me vale dizer que amo, se não dou atenção a esse amor? De que me vale dizer que as pessoas estão dentro de mim se eu não estou com elas? De que me vale dizer que tenho saudades se nunca estou presente? De que vale sentir amor …se o ignoro como forma de desapego muitas vezes.




Para cada pessoa existe uma perspectiva de dar e receber o amor, ou no amor, muitas vezes, encaramos o dar e o receber como uma moeda de troca. Temos de dar a alguém porque alguém nos deu a nós. Temos de cuidar de alguém porque alguém cuidou de nós. Na realidade, na arte de dar e receber, não existe definido uma regra. Regra essa que nos obrigue a dar assim como aceitar. Mas, muitas vezes de forma até consciente, impomos a nós mesmos a regra de dar ...para poder receber.

Supostamente deveríamos ter um prazer incontido na entrega. A entrega é também um estimulo do amor. Quando falamos de algo com paixão, fervor, vontade insaciável é porque nos sentimos vivos. Existe em nos a necessidade de nos sentirmos vivos. Muitas vezes nas relações que temos e vamos fazendo ao longo da vida, o prazer da entrega é substituído pelo medo nocivo que temos de fazer essa mesma entrega. O medo, o receio de ficar sozinhos, de não ter amor, de nos sentirmos perdidos. As nossas escolhas são delimitadas muitas vezes pela forma e momento que nos sentimos.




A isso se chama...miséria afectiva. Medo de entrega. As pessoas tem fome de amor apesar da enorme abundância existente no Universo. Muitas gente, que em muitos casos não recebe o amor que tanto deseja ou quer , guarda para si a visão inóspita que tem do seu próprio amor. O problema existente quando guardamos amor, para nós, para o nosso eu, para a visão que dele temos, amor que não tivemos, que nos faltou, que não nos foi facultado ou não facultamos...ele não renasce. Reciclamos, transformamos e definimos como outras formas de amor. De dar e receber.

O amor que guardamos é o amor ignorado, triste, magoado, abandonado à sorte .É um amor não cumprido, o amor não amado e não dado. Quando criamos novas relações e mesmo libertos existem vazios por preencher. Criam-se relações insípidas, em que o amor dado é menos, porque queremos e ansiámos ficar com mais. Muitas vezes perdem-se os estímulos, as carícias, a paixão, a vontade e o desejo , porque passa a ser mais importante o questionamento do certo ou errado. Ignoramos tantas vezes, porque são tantas as vezes que não nos lembramos que somos humanos. Justificamo-nos por tudo e por nada, quando na verdade a maior abertura, é aquela em que deixamos de lado tudo para sermos felizes. A abertura ao amor é abertura a um todo. O desprezo por um todo, é um desprezo por nós próprios.



Hoje em dia por muitas vezes vivermos numa miséria afectiva, buscando o nosso lugar ao sol, tentamos denominar o amor, nas suas mais diversas formas. Porque de repente deixamos de sentir as sensações do amor? Do toque? Da carícia? Do olhar? Aquela vontade de beijar? De abraçar? Porque não somos expontaneos? Loucos? Destemidos? Amarei um filho de determinada forma? Ou amarei todos da mesma forma? Porque de repente deixamos de conquistar o ser que somos? O nosso eu...é o nosso maior inimigo. Priva-nos do amor. De voltar a sentir. Esconde-nos das nossas emoções. Esconde-nos da abertura. Recolhe-nos no nosso triste esconderijo. Somos mais vis e maus, não para com os outros mas para nós mesmos. Aldrabamos a nossa própria alma e os sentimentos com questões filosóficas que nos impomos. Mas que o tempo muitas vezes trata de apagar. Na realidade, não vivemos na verdade o verdadeiro sentido de amar .




O real sabor do amor. Desprezamos o verdadeiro significado do amor em prol dos enganos viciosos da alma. É como se colocássemos uma máscara e mostrássemos a todos que amor, é aquilo que mostra a máscara e não aquilo que realmente esta cá dentro. Por isso muitas vezes o estimulo, o encanto, a magia, a raiz do amor anda de mãos dadas com a solidão. Uma grande parte das pessoas perde o respeito ao amor, nega a alegria, foge do encontro, do encantamento, da magia e vai perdendo assim a sua verdadeira essência e transparência. Muitas pessoas vivem ainda adeptas e pertencentes ao clube dos Insatisfeitos. Onde existe desculpas para tudo, onde existe o concurso perverso, para quem trabalha mais, quem faz mais, quem se dá mais, quem merece mais.

Um clube onde se discutem as dificuldades sexuais, as insatisfações, as regras e os receios. O clube da selva, onde vale mais e quem magoa mais. Onde amor é aquilo que quero, aquilo que desejo mediante a minha visão e não a visão universal . Onde interessa sim ter amor mas amor trabalhado, definido, moldado, subjugado. Amor feito de regras , de estabelecimento de prioridades. Amor de embuste , amor individual, amor cego que nos criva no peito a vontade de receber o nobre titulo individual de ser feliz assim.


O clube das acusações e direitos inerentes à felicidade. Diferente deste clube, existe o clube dos seres humanos, onde reina o coração aberto, onde reina a alegria, onde vivem as pessoas apaixonadas por amor. Onde dar e receber não é uma regra...sim uma dádiva. Um clube onde existe o desejo, onde dar e receber é cooperar e saber partilhar sem receios. Amor…que é livre, é espontâneo, que não olha a credos, a raças a medos. Levar uma vida plena de amor onde os medos, a obediência de quase sufoco a que nos devemos dar ou entregar por regras com definições estabelecidas é como dividir o amor nas suas diferentes formas. Só se deve dar um pouco ali, um pouco aqui. Cuidado que eles olham!! Cuidado que não posso dar-me muito!

Deste lado recebe-se muito..daquele...recebe-se pouco. Assim sendo vamos perdendo o rasto da verdadeira essência de amor. Será que Cristo não nos ensinou afinal nada? Será que nesta busca de aperfeiçoamento de tantos anos que tantos de nós levamos não chegamos a aprender mesmo nada? Continuamos os mesmos estúpidos de sempre agarrados à carne e subjugados aos olhos dos outros? Que medo existe em amar? No que me toca a mim e hoje muito mais bem preparado com todo o amor, a essência, o carinho , o desejo em qual me reconheço e entrego, sinto-me bem mais vivo. Ganhei mais honra em mim mesmo, mais personalidade, mais convicto nas minhas ideias , muito menos subjugado, muito mais forte…mas também mais livre no que toca a amar no seu todo. È uma alegria ser um apaixonado pelas pessoas. Sem receios, sem medos ou subterfúgios.

È uma alegria porque são as pessoas que são a força do amor. São as gentes. Somos nós e vós. Que alegria existe apenas na partilha de um amor? De um ser? Se houvesse alegria apenas na partilha de amor com apenas uma pessoa…deus deveria ter criado apenas um ser….e não….biliões. Amem-se uns aos outros disse ele. No entanto teimamos em não amar. Não aprendemos nada porque não ouvimos, não discernimos. Pensamos apenas no nosso eu. Amar muitos? Não…não pode acontecer isso. Só sou feliz se me amarem a mim e aos outros vamos dando apenas o que podemos. Porque o amor tem olhos em todos os lados.



Não gosto de ser apenas "Normal" como tanta gente. Livre no sentido em que percebi que amor...é entrega total das pessoas. Hoje em busca do momento, da livre lei , que de nós faz livres seres, enquadro-me na perfeição no verdadeiro sentido de amor que devemos ter uns em relação aos outros. Não existe alma mais em paz senão aquela que descobriu o relógio da vida. Do relógio que bate e que anda de acordo com o tempo.

Hoje muito mais bem preparado, a carícia essencial que nos absorve, ensina-nos e ensina-me que amar é sermos livres de preconceitos e de obediência aos olhares indiscretos. È sermos livres em nós . Acima de tudo a nossa liberdade. Acima de tudo a forma e transparência com que nos entregamos a nós mesmos. Sem medos e sem receios da confrontação das janelas indiscretas. Quanto mais predispostos a agarrar a nossa essência, o que sempre fomos e tivemos...mais humanos vamos sendo. È na liberdade de poder amar que está a chave de saber receber.



RELAÇÕES



Na minha perspectiva existem dois tipos de relação.


Aquela em que o coração bate desenfreadamente, aquela em que a paixão inicial toma conta de nós, aquela em que a chama, o fogo interior clama, onde o desejo quase se transforma em luxúria. Aquela em que contemplamos no outro o nosso olhar. Nunca tive duvidas que ao gostarmos de alguém , não basta apenas gostar, tem de existir química, temos a meu ver de nos apaixonarmos pelas pessoas. Sem isso e apenas com a base de que o amor pode ser construído e definido nunca existirá entrega total das pessoas. Chegaremos então a um ponto de insatisfação. Porque esse ponto mais tarde ou mais cedo chegará. Porque no amor tudo é necessário para ser em pleno.



Outro tipo de relação é a simbiose que existe entre duas pessoas "imcompletas" que se unem esperando, que com o modelo e convite do outro, conseguirão realizar-se assim como o encontro entre um cego e um manco. Em vez de ficarem juntos pelas suas potencialidades...ficam pelas suas fraquezas e medos. Por um lado temos o sentido único e verdadeiro que é a paixão incial. A força arrebatadora que nos leva a uma entrega desinibida, desmedida, mas sentida.



Por outro lado temos o que chamamos de liberdade de escolha. E no amor exista ou não formas de nos dar e receber, estados e sentimentos diversos, existe acima de tudo a liberdade que temos em escolher o caminho designado por nós a seguir, mesmo certos ou errados. As escolhas são nossas. E na verdade o amor é muito maior e mais resplandecente do que simples duvidas ou questões pertinentes.




Simplesmente porque somos livres. Fazemos em muitas alturas más escolhas...mas fazemos...porque somos livres. Fazemos boas escolhas, mas fazemos, porque somos livres. No meio das escolhas que fazemos, dos caminhos que seguimos, existe na decisão de uma escolha a liberdade de poder escolher. È através da consciência da escolha que determinamos o caminho a seguir. Mais importante que este nosso desejo que acalentamos de mudar é sem duvida estarmos comprometidos com esta mesma mudança.

Muitas vezes quando nos predispormos a mudar, pensamos em demasia no que os outros vão dizer ou vão pensar, em razão da nossa transformação. De certa forma a mudança em nós existe pelo vazio existencial que sentimos. Muitas vezes expresso esse mesmo vazio aquando e por nossa vontade nos remetemos ao silencio. Ao fazermos isto, vamos guardando para nós toda a insatisfação e rebeldia que temos. A estrutura interior treme.


Fica condicionada. Neste momento de fraqueza interior , pegamos em todas as pedras que temos e atiramos em todas as direcções possíveis. Não só nos estamos a massacrar a nós como a vingarmo-nos. A frustração que existe numa mudança mal efectuada, mal compreendida, transforma-nos em principies infelizes. Por momentos sentimo-nos por cima de todas as situações. E de certa forma superiores com a velha máxima momentânea de " Nós temos...vós...não tendes".
È um processo árduo de crescimento interior tambem. A base da felicidade, não está definida no tempo em que mudamos, na semana, nos meses ou nos anos em que mudamos. Está sim definida na forma como mudamos. E mudança implica respeito por nós e pelos outros. Mudança não implica falta de amor, desprezo ou desapego. Mudança significa crescimento e respeito contínuo por todos.



É importante aceitarmos a mudança de livre e espontânea vontade. Se bem que é complicado fazê-lo em muitas ocasiões. A repressão da carícia, dos desejos, do amor tem efeitos nefastos em nós como seres humanos. Como seria se nós de repente deixamos de acarinhar um filho nosso? De certa forma ao aplicarmos as mudanças na nossa vida , mudamos também a aplicação de dar e receber amor .E pensamos erradamente que quando mudamos temos de mudar o amor que temos também. Muitas vezes mudamos numa relação em função dos outros. Se amor é livre...porque o denominamos com regras? Por respeito ao outro? Ou por medo de perdermos? E vamos andando assim de relação em relação. A fazer concessões ao amor.A definir prioridades. A definir novas regras. A livre vontade de amar é libertarmo-nos de todas as concessões que nos induzimos como forma de novas drogas. Durante anos a fio pensei que escondendo-nos nos outros, escondendo-nos em nós era a melhor forma de resguardo de tudo. Até ao dia que me apercebi que não existe forma mais livre de amarmos sendo nós mesmos. Não posso deixar de me sentir injustiçado sabendo que sou justo quando sinto no coração que não mais do que digo é a mais pura das verdades.E não posso rejeitar a forma como penso em função dos outros ou de novas relações que vamos tendo ao longo da vida em prol da minha felicidade. Sei que a minha felicidade são as pessoas que amo, são os meus amigos, são as pessoas que com eles vou partilhando a minha vida sem excepção ou regras. Sei que a minha função é mostrar amor, dar amor e ser livre em mim mesmo. Sozinho ou não , triste ou abandonado á sorte, a verdade é que me sinto feliz por me sentir aconchegado por Deus. Por saber e descobrir que tendo alguém ou não a minha felicidade nao depende de quem tenho. Depende da forma como aquilo que tenho é respeitado por quem me dou e a quem me dou. Gosto de ver o mundo feliz...mas gosto de ver acima de tudo ver as pessoas felizes com justiça no coração. Neste sábado a minha filha perguntava:
-Pai, vais gostar e estar sempre perto de mim?Prometes que vais?
-Não preciso de prometer aquilo que tu sabes que vais ter sempre.
- O que pai?
- Todo o meu amor!
- E se morreres pai? Se te fores embora um dia?
- Só me vou embora quando morrer caty. Mesmo que estejas longe estarei sempre contigo. E se morrer encontras-me lá em cima no outro planeta.Estas sempre no meu coração.
Sabem o que ela respondeu?
- Isso não chega pai.
Isso não chega...foi a resposta que tive. E vindo de uma menina de 4 anos, veio directo ao que eu penso. Não chega estarmos no coração. Porque todos precisamos de amor. De actos, de afecto.

Debatemo-nos tristemente com esta forma de que as aplicações de dar e receber tem e terão sempre tendência para mudar. Porque mudamos a nossa forma de amor? Se mais tarde nos questionamos sobre um beijo? Um abraço? Um momento? Porque temos tendência a mudar se mais tarde questionamos essa mesma mudança? Ao comportarmo-nos como principies infelizes, caímos na teia da triste resignação. Tornamo-nos mais frios e inconsequentes e assim sendo...indiferentes ao amor.



Deve-se lutar contra as ignorâncias próprias das pessoas que se têm interiormente, assim, deste modo, tem-se a acumulação de virtudes que, dependendo do merecimento, transformar-se-á em amor, sublime doçura para ser distribuído aos carentes e necessitados. Fazer aos outros tudo aquilo que gostaria que se fizesse para a com própria pessoa, isto é, muito difícil de acontecer, tão pouco compreender, pelas limitações que a pessoa impõe a si mesma, no entanto, em palavra todos dizem que são assim. Todos se mostram libertos de tudo, todos se mostram grandes seres cósmicos de amor.

Mas na verdade e sendo realistas na sua forma mais dura …são todos uma bela merda da montra que teimam em exibir fruto do expoente máximo da sua teimosia tenebrosa. Enquanto não houver a compreensão entre as pessoas, buscando sentir os diversos graus de conhecimento da realidade espiritual, não há como o amor crescer, e se estabelecer o paraíso celeste num lapso de tempo curto. As pessoas imaginam possuir o amor e serem grandes na sua forma de dar. Mentira! Vivemos na grande maioria enjaulados por tudo o que os outros pensam. Por isso temos vergonha do próprio amor.

De mostrar o amor. Somos uns seres vergonhosos que continuamos ignorantes. E ignorantes vamos caminhando felizes supostamente livres de apontamentos , porque a nossa consciência nos dita com exactidão o quanto estamos certos.



O ser humano nasceu para ser feliz, entretanto, essa felicidade é conturbada com as vicissitudes da vida, os prazeres do mundo material, a insegurança como ser humano, a busca de querer só erguer-se, tudo isto forma uma estrutura em seu ego, ou em sua auto-suficiência, culminando com a ganância, o orgulho, a inveja, e muitas outras coisas mais. Por isto tudo continuamos ignorantes. Aprendemos o amor…mas eis que de repente voltamos atrás com medo de sermos novamente infelizes. E continuamos ignorantes. Somos não escravos de nós, mas escravos dos outros. Entregamo-nos muitas vezes ao pensamento do alheio quando na verdade …the True will seth you free!









E sendo assim entretanto duas coisas acusam a fraqueza e a leviandade de quase todas as pessoas: a arrogância na prosperidade e o abandono da infelicidade ou melhor dizendo; as pessoas desprezam-nos quando se acham numa condição feliz ou nos abandonam quando nos encontramos em má situação. Dentro da sua felicidade está o leve toque de “ deixem-me agora”. È de forma triste e magoada que de longe vejo como as pessoas se comportam. Vestem-se de gala para viverem os momentos. Sobem ás estrelas e de lá nos vislumbram com um certo sorriso amarelo. Sentir o amor é estar limpo das maledicências.



Aquele que, numa e noutra sorte, se mostrou firme, constante e inflexível, deve ser considerado raro e quase divino.



O fundamento desta estabilidade e desta constância que procuramos na amizade e amor é a confiança: sem ela, nada é estável. Escolhemos, pois, um amigo, um amor, de costumes simples e fáceis, que pense e sinta como nós; tudo isto conserva a fidelidade. Uma alma dissimulada e tortuosa não pode ser fiel. Aquele que não tem o mesmo gosto, nem os mesmos sentimentos nossos, não pode ser um amigo certo e constante.




Por fim dizer que o respeito mútuo é sentir que todos precisam uns dos outros, nas suas fraquezas, nos seus sucessos; e, porque não dizer no seu nível evolutivo dentro dos conhecimentos do verdadeiro caminho de amor, de felicidade e de encanto, onde todos cantam os hinos divinais, e sentem as energias das plantas elevando a todos.



Não sejam ignorantes…abracem a vida e todo o que vos oferece!


Bruno Montalvão

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Assim se perdem no tempo...assim se ganha no espaço!



Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor.Muito mais... eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos,enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor,que tivessem morrido todos os meus amores,mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebemo quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...A alguns deles não procuro,basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.Mas, porque não os procuro com assiduidade,não posso lhes dizer o quanto gosto deles.Eles não iriam acreditar.Muitos deles estão lendo esta crônicae não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,embora não declare e não os procure.E às vezes, quando os procuro,noto que eles não tem noção de como me são necessários.De como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital,porque eles fazem parte do mundo que eu,tremulamente construí,e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.Se todos eles morrerem, eu desabo!Por isso é que, sem que eles saibam,eu rezo pela vida deles.E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar.Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,compartilhando daquele prazer...Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permiteter sempre ao meu lado, morando comigo,andando comigo, falando comigo, vivendo comigo,todos os meus amigos, e,principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!Nós não fazemos amigos, reconhecemo-los....
Bruno