Pois é...as decisões tardam muitas vezes, mas acabam por chegar sempre.Nestes ultimos meses tive vários acontecimentos na minha vida.Pessoas que entram, que saem, boas noticias e más noticias.E de todas elas há formas de interagir e nesse caso ver de que forma como angariamos para nós as melhores razões e definições de tudo o que nos é dado a observar e a sentir.Esperei um pouco, andei nervoso, fiquei calado, ás vezes até falei demais. Até que finalmente...acalmei. E ao acalmar-me tomei talvez a maior decisão dos meus 31 anos. Sair finalmente do país. Já anteriormente tinha tido isso na ideia e por duas vezes. E em nenhuma delas consegui fazê-lo. E a principal razao prende-se e prendia-se com o receio e o medo do estranho. Do que será? Como será?De que forma me irei dar?Como irei viver?Que apoio terei?Estarei sozinho?Desacompanhado?Acompanhado? Enfim...o normal quando na verdade tomamos decisões importantes e que mexem não apenas com uma pessoa , mas com o nosso pedaço de mundo. Amigos, familia, filhos, conhecidos...etc. È na realidade complicadissimo tomar uma decisão. Para tudo há que haver o discernimento necessário. Então...por momentos em vez de ouvir todas as opiniões normais de prós e contras de pessoas amigas ou familiares, ou conhecidos, nada melhor do que ouvir a minha propria voz. A voz do meu coração, da minha razão. Certa ou errada a melhor opinião de todas neste momento é a minha. Apenas só eu e mais ninguém tem a ideia do que é e será melhor para mim. Perguntei-me há tres quatro dias atrás o que fazia na verdade aqui eu? Esta terra é minha?Ou direi antes como Socrates : Eu sou um cidadão do mundo?Preferia usar esta ultima velha máxima de que sou um cidadão do mundo. De que tenho asas para voar. A razão do medo e do receio é uma razão normal em todos nós. Por momentos pensamos que o que temos nos basta e chega. Por momentos ...apenas por momentos não tentamos. Preferimos tentar...tentar..tentar.E vejo que no meu caso a razão...do tentar...tentar e tentar...não me leva a lado nenhum. Sou na verdade insatisfeito com o que tenho. Insatisfeito não no sentido de mal agradecido pelo que tenho. Pelo contrario. No entanto, há uma necessidade como sempre houve em tantos momentos de alterarmos o nosso proprio clima, estrutura.Portanto...tudo o que quero na verdade é o que sempre quis. Ser feliz, seja lá onde for. E tenho a certeza que sendo eu feliz farei as outras pessoas felizes. Espero e desejo que a mudança que aí vem, que eu decidi...seja mesmo benéfica. E...eu sei que vai ser com toda a certeza.Não só como preciso e necessito...como também a mereço e assim farei por ser merecedor dela. Bruno
Há vários anos atrás não tinha noção ainda de que forma poderia ou não fazer alguém que estivesse comigo mais feliz. Não tinha noção ainda do amor dado ou recebido. De que sexo era importante numa relação, de que amizade, sentido de oportunidade e formas de percepção eram todas elas importantes. Cumplicidade e partilha eram e estavam ainda muito verdes em mim.
Com o passar dos anos e das diversas relações e formas de relacionamentos vamo-nos apercebendo do que valemos nós e do que valem elas. Das escolhas, dos defeitos, dos medos e receios, da iniciação ao amor. E de toda a aprendizagem que não tiramos apenas e só com uma pessoa, mas ás vezes com várias.
Depende de nós e dos outros. Comecei inicialmente por tantas conversas entabuladas a perceber que muitas mulheres clamavam por carinho, atenção e uma necessidade enorme de ter para com elas alguém que as compreendesse, que as ouvisse, que na verdade para alem de um parceiro intitulado sexual na sua devida proporção, fosse também um amigo.
Porém com o passar dos anos a forma de pensar, o crescimento de cada pessoa, a entrada em cena do extremo consumismo de que somos assaltados todos os dias…levam-nos de certa forma também a desejar que as opções comecem a ser outras.
Com o passar dos anos fui percebendo que a ideia de uma figura onde a amizade, cumplicidade, partilha, seriedade, fidelidade e amor, tinha um papel ingrato.Ou seja…noto que existe de facto uma exigência grande hoje em dia nas escolhas. Na verdade essas escolha não é feita por catalogo como é obvio.
Existem razões do coração que são relevantes. Mas as razões do coraçaõ não funcionam como no tempo dos nossos pais ou avós. Hoje no grande limiar do Século XXI ninguém vê casais para a vida toda. Vemos casais na verdade em part-time. Vemos pessoas que são como pássaros à procura do milho certo.
O grau de exigência tornou-se bem maior. Tanto para elas como para nós. Antigamente e há uns 10/15 anos atrás ainda se conseguia manter relacionamentos com base apenas no esforço, na base da fidelidade e anseio por uma vida melhor a dois. Mesmo que um não tivesse o outro estaria por perto. Eu namorei 11 anos. E do meu tempo tal como eu , do meu grupo de amigos tenho pessoas que mantiveram os seus relacionamentos até hoje. E ultrapassaram os meus 11 anos. Hoje em dia de facto a escolha de um parceiro não é a mesma que existia nesse tempo.
Os pressupostos financeiros tem peso, a ambição das pessoas tem peso e o estatuto conta e de que forma. Estará de facto o mundo virado de pernas para o ar? Ou seremos nós que não conseguimos acompanhar essa escalada de ambição desmedida? Eu já tinha percebido e comecei a perceber nas entrelinhas, na forma de ver a vida por parte de tantos outros que as pessoas hoje em dia vão delineando o futuro conforme aqueles que vão aparecendo à frente.
Hoje temos quase a necessidade de sermos verdadeiros metrosexuais. Temos de ser charmosos, temos de transpirar ambição, ter um emprego que de garantias de futuro e estabilidade , ter alguma coisa de parte que nos possibilite uma amostra, tal como um cartão de visita.
A questão não se centra no amor pelo outro em si. Centra-se acima de tudo numa escolha daquilo que alguém nos pode dar a nós. Hoje para além da cumplicidade, partilha, carinho, amor…existe sem duvida a exigência de possuirmos algo também. Se antes tínhamos duvidas com qual seria a pessoa que deveríamos ou não ficar….hoje essas duvidas são muito mais recorrentes e complicadas.
O que me tem sido dado a perceber é que muitas vezes arranjamos mil e um pretextos apenas e só para dizer “ falta de ambição”. Será duro?Será mau?Será consensual entre todos?Não de todo! Vejo e percebo por parte de quem deseja para o seu intimo uma vida recheada de boas coisas e de ambição natural.
È um egoísmo saudável direi eu ou uma ganância desmedida numa procura incessante? Penso que não o fazemos de forma directa. Fazemos e pensamos no melhor para nós de certa forma de causa/acção indirectamente. Não vejo nem nunca vi como algo mau ou vil. De forma nenhuma.
Porém nunca concordei nem concordarei com o facto de estabelecermos para a nossa vida pressupostos humanamente ambiciosos. Há duas visões diferentes para um mesmo caso. E cada uma delas vai dar a uma mesma razão.Um caminho. Estará o verdadeiro amor sozinho e solteiro fruto da desmedida procura dentro de nós?
Ou seremos nós apenas fantoches de uma visão global dos mídia e tudo aquilo que vemos e lemos? Por todo o lado que olho só vejo: Dinheiro, ambição, estatuto,desejo,poder, ganância.Agora tentem juntar amor, partilha, desejo,fogo,paixão, sexo e cumplicidade.
È complicado gerir, juntar e conciliar tudo. Porque ficará sempre a faltar alguma coisa.Onde existe amor, desejo, fogo , ambição, dedicação, poder…poderá não existir cumplicidade. Onde existe apenas amor, amizade, sexo, dinheiro, poderá não existir estatuto. E por aí fora. Como eu disse já em muitas fases as escolhas que fazemos definem a nossa personalidade.
Definem o nosso estatuto como humanos e como seres que deverão merecer ou não a forma que os outros nos vêem. Nunca há de facto um conjunto de factores que coexistam numa só palavra. Tão depressa dizemos “ Eu amo-te” como no dia seguinte estamos de novo na luta pela procura de um novo parceiro(a).
De facto é complicado chegarmos a uma conclusão daquilo que nos serve ou não nos serve. Se por um lado desejamos o que todos desejam, por outro andamos sistematicamente insatisfeitos. Ou temos ciúmes, ou somos pobres, ou somos ricos, mas uns perfeitos idiotas, ou somos autênticos machos latinos na cama, como tão depressa não sabemos nada e temos de ir ver as cábulas do Kamasutra.
De certa forma hoje caminhando sempre na minha ideia base de amor que eu tive e tenho para mim, olhando para os amigos que eu conheço de há anos e vendo as suas relações com tantos altos e baixos, deduzo e confio sem margem para duvida que amor sem luta, sem confiança, sem uma irmandade e uma conjunção onde duas pessoas desejam o mesmo para as duas é sem duvida um caminho a ser seguido.
Porque…onde está a facilidade de eu desejar já um “produto” pré concebido com tudo? Que luta terá isso para mim? Que futilidade e que bonança trará isso para mim? Momentaneamente existe um deslumbramento próprio de nós assim como uma inveja mesquinha de olhar para o lado e vermos tudo de bom nos outros.
Mas certo será dizer que felicidade assim como Deus ou alguém do lado nos possa ter ensinado…não se baseia nestes pressupostos. Claro que ninguém não deseja, ser ambicioso, ter ambição, desejo de conquista e um melhoramento na sua vida. Todos nós. Incluído eu! Se bem que o meu signo nunca foi muito virado para os bens materiais. Não quer com isto dizer que não os deseje como todos os outros. Carros, motas, dinheiro, uma boa casa, poder viajar, divertir-me…etc. È obvio que sim. Mas nunca será mais desmedido que o amor que sinto pelos outros. Acredito que o amor conquistado nos leva a ter tudo isto .
E não o contrario…que a ambição e o desejo de ter…tem como prémio final o amor. No final de tudo isto…e porque já me vou alongando em demasia…devo dizer que de facto, o que elas desejam e o que nós queremos, continua hoje em dia a ser uma caixinha de surpresas. A nossa forma de ser para com os outros, vai na realidade mudando pouco a pouco, pé ante pé. Porque também assim somos obrigados a fazê-lo. E assim sendo....é uma questão de fé...atitude e nobreza em relação ao que desejamos. Bruno