terça-feira, agosto 17, 2010

AQUI JAZ BRUNO: NASCIDO A 29/12/1795 E FALECIDO EM 17/08/2010


O que é a morte? E se eu morresse hoje?

Mantenham-se em silêncio. Ninguém faça ou se exija a si fazer qualquer tipo de som.

O Bruno faleceu.

As pessoas choram...e a tristeza invade o coração daqueles que da sua vida fizeram parte. Já é tarde. Encostada a um canto uma menina chora convulsivamente e em prantos grita:..." Eu quero o meu Pai..."

Está frio...sinto o corpo gelado...como se estivesse congelado! Não sinto o dia. Não sei se é de noite.  O velório prossegue, com idas e vindas de pessoas que eu sinceramente nem me lembro.

Não respiro...não sinto...mas sinto a minha alma intacta. Não sinto os pés ou mãos. Será que morri ou será que renasci para outro lugar? Vou ficar aqui? Eu quero ficar!

Então mas o que é a morte? Quem é a morte? Porque morremos? Eu não queria morrer! Tinha tanto ainda para viver! A tristeza imensa que me invade é por não ter feito o que deveria? Mas o que deveria ter feito? Nunca fazemos o suficiente...

Deixar de ver, respirar, sentir, falar com as pessoas, sorrir, abraçar, beijar, ensinar...todo um conjunto de emoções que não posso fazer mais.

E o que eu não disse a alguém? O que eu não falei a um amigo? Namorada?O que eu não posso ensinar mais á minha filha? Os conselhos? Tive uma boa vida? Poderia ter feito mais eu acho...


E esta morte...porque me levou tão cedo? Eu que tinha tantos planos! Nem sequer casei! Não fiz sexo no cinema! Num barco em alto mar numa noite de lua cheia! Não disse a palavra certa na altura que devia ter dito. Não escolhi o trabalho perfeito quando podia ter escolhido. E os amores e desamores? Porque terminamos? Porque erramos tanto?

Mas que confusão é a vida...não é? É tão intensa! Ás vezes pergunto-me se temos capacidade para gerir tanta coisa. Filhos, trabalho, emoções, lidar com a morte dos outros, com as perdas, as questões de trabalhos, finanças, luta e labuta...

Queria ter feito tanta coisa...fiquei chateado com tanta gente, por coisas estúpidas. Fechei-me no meu casulo e deixei de falar ou pronunciar-me sobre algo.

Hoje? Não existe tempos, relógios...estou simplesmente aqui fechado. Hoje morri...


E você...morreu ou decidiu viver?




2 comentários:

Su disse...

Quando eu penso na morte; simplesmente na idéia da própria morte ou na expectativa de que todos vamos morrer um dia, ou na idéia da morte de um ente querido ou de alguém desconhecido, eu sou tomada por uma onda avassaladora de sentimentos introspectivos e reflexões sobre minhas condutas perante a vida que tenho . A consciência da morte me remete á VIDA. Pois a necessidade de sonhar, projetar, sorrir, crescer, sentir, relacionar-se, tornam-se mais urgentes, diante a finitude da vida.

' Claudjinha disse...

tu és tão genial... :')