quarta-feira, janeiro 03, 2007

Quanto mais sei...menos me apetece saber.

Durante a semana do natal em que todos nós tivemos envolvidos uns mais do que outros, cheguei á conclusão fria como o gelo de que quanto mais sei...menos me apeteçe saber. Ás vezes gostava de ser daqueles camponeses que nasçem e morrem no campo. Pus-me a pensar no outro dia´nivelando de 0 a 10 o grau da minha sabedoria interior. O que aprendi eu de mim, dos outros, em que grau me encontro? Em que estado estou? Melancolico? Triste? Feliz? Conhecedor das razões do meu eu? Fiz mais uma introspecção antes de entrar em 2007. Ou seja até que ponto tinha modificado, no que me tinha tornado. Se para melhor, ou se para pior? Que rumo tomei? Continuei eu mesmo? Como me mantinha e mantenho.
Andei pelas calçadas da alma, pelas ruas e becos do pensamento e cheguei á conclusão de que quanto mais sei...menos ainda me apeteçe saber. Acho que sabendo demais, aprendendo demais, informação a mais não só nos torna mais idiotas e estupidos como pessoas convictas de que somos quase uns perfeitos infaliveis quando se trata de falarmos das verdades, das razões ou dos conselhos. È como se abrisse uma cortina no palco de teatro e não deixarmos ninguém aplaudir. Ouvir apenas a nossa voz na esperança de que a nossa voz é a voz de todos eles que nos vêem. Pensei por momentos nas minhas modificações e se realmente aprendi algo. Aprendemos sempre algo de valoroso na vida. Quanto a mim a principal vaga de sentimentos que nos corrompe e se interioriza dentro de nós á a vaga que tras a humildade.
A humildade tras a sabedoria e o discernimento. Quanto me coloquei a ler certos textos de filosofos na Internet, a procurar sobre sabedoria, espiritualidade, força, sentido da vida, luz,compaixão, amor entre outros tomou quase conta de mim como uma droga infalivel que não mais desejava sair. Por momentos achei que a minha mudança estava ali. Que ali me tinha encontrado, que perante tudo o que li, o que tentei aprender, pensava eu que estava então como um anjo, um poeta ou algum ente cheio de luz, tambem eu crivado pelo dom do saber. Erro. Grande erro. Voltei atras. Percebi que quanto mais ia aprendendo, quanto mais me ia desligando da minha verdeira essencia, do meu mundo para entrar em mundos desconhecidos...percebi que estava a perder-me.
Na verdade, perdemos uma parte de nós mesmos quando deixamos um mundo que é nosso , que é a nossa redoma de aprendizagem para nos lançarmos como fanáticos á arte de aprender tudo o que não nos diz, nem responde ás nossas maiores necessidades. A vontade de estarmos felizes , de querermos estar bem, da auto ajuda, luminosa ou não, de entes de outras facções ou mundos que nao este, á descoberta do nosso proprio paraíso , de algo que nos faça sentir como parte integrante desse mesmo mundo...leva-nos ao desgosto , á tristeza e á angustia da derrota da nossa propria teimosia.Por isso nos perguntamos : "Onde errei eu?" Não rezo? Não faço por mereçer? Não luto? Não me debato com os problemas? Não procuro ajudar? Então porque razão nao tenho? Porque razão continuo com problemas? Quanto mais conhecimento absorvo mais arrogante me torno. Mais inviolável sou.
Mais problemático tento ser com os outros. Porque acredito piamente que a razão do meu estudo, da minha auto ajuda, daquilo que quero e aprendo é a razão principal e pelas quais eu me vou regendo. E foi aqui que começei a perceber que para entender-me melhor, a mim , quem me rodeia, a forma como falo, como me dou a conhecer e a forma como deixo outros entrarem na minha vida que: para aprender, para conhecer, para saber mais, para adquirir a minha sabedoria interior, necessito primeiramente e antes de mais de ser o mais baixo e vil dos homens. Necessito de me sentir despresivel, como alguem que nada sabe, que tudo sabe mas que precisa efectivamente de andar descalço sobre o carvão em brasa.
Percebi olhando para tras que para ser melhor para mim e na tentativa de abrir o meu coração aos outros necessitava de ser o campones feliz, inculto, de alma vazia de preconceitos, de ódios ou mágoas. percebi que para chegar ali...tinha de antes passar por determinada privação. Todo o saber que adquirimos precisa de ser testado. Não basta aprender e recebe-lo tal como quem recebe uma medalha. Não basta dizer : Levanta-te e anda. È necessário ter o poder para dizer. Portanto á medida que fui sabendo mais, ouvindo mais, percebendo melhor a minha propria sabedoria como a dos outros...fui dando passos atras. Quanto mais sei...menos me apeteçe na verdade saber. Mas sei que quero ser melhor, mas quero evitar tal como tentei...a sabedoria do meu umbigo.
Bruno Fernandes

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